Apropriações do discurso neoliberal das lutas por reconhecimento
Por Ercio Sena e Juliana Gusman.
Neste artigo, os autores refletem sobre os limites das lutas por reconhecimento em termos prioritariamente identitários, desvinculadas de um projeto de transformação social mais amplo, que abarque as esferas política, social e econômica. Como apontam alguns autores, a ideologia neoliberal consegue se reapropriar de pautas circunscritas majoritariamente no campo da cultura e esvaziá-las de seu potencial político e revolucionário.

Análise crítica do documentário “O dilema das redes”
Por Ana Flávia Almeida Pisani; Laura Couto Lopes; Maria Clara Sales Lacerda Gomes; Maria Laura Alves de Carvalho Oliveira; Maria Vitória Arantes Mazão.
O Dilema das Redes (2020), documentário lançado pela Netflix, dirigido por Jeff Orlowski, conta com a participação de ex-funcionários e executivos de empresas como Google, Facebook e Twitter que expõem os perigos causados pelas redes sociais. Eles escancaram o domínio que essas mídias exercem no cotidiano da sociedade, influenciando na forma em que pensamos, agimos e vivemos. Jogando luz sobre os bastidores das grandes empresas de tecnologia, o documentário expõe a necessidade de se atentar para a gratuidade dos aplicativos de redes sociais, uma vez que, como disse o ex-designer do Google, Tristan Harris: “se você não está pagando pelo produto, então você é o produto”.

A abordagem intertextual no estudo de celebridades: aspectos teórico-metodológicos
Por Marcio Serelle.
O artigo busca atualizar as quatro categorias textuais concebidas pelo crítico de cinema Richard Dyer para o estudo da construção da imagem de celebridades pois essas tangem meios midiáticos da década de 1970. O texto defende que a imagem da estrela é constituída por meio de textos e interações midiáticas, além de ser uma “polissemia estruturada” que contempla diversos sentidos e é desenvolvida ao longo do tempo.

Cinema, história, memória e verdade: found footage e apropriação em Wajda
Por Silvana Seabra.
O artigo discute a apropriação de arquivos de filmes e vídeos (footage) para propostas representacionais de fundo histórico no cinema. A dissertação de Seabra se limita às obras do cineasta polonês Andrzej Wajda, com um foco maior no filme O Homem de Mármore (1981). A escolha desse autor se deve a apropriação dos footage como um recurso criativo e crítico, ao contrário do que era comum nos anos 1930.

Polêmicas nas reverberações críticas de Bacurau
Por Ercio Sena e Juliana Gusman.
O artigo problematiza a polêmica em torno do filme Bacurau (2019), de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles. A obra teve ampla repercussão de público e na crítica jornalística especializada, marcada por intervenções dissonantes. Objetiva-se mapear as diferentes chaves de leitura evocadas por esses discursos sobre a obra, localizando a confrontação política que permeia diferentes interpretações.

A personagem no jornalismo narrativo: empatia e ética
Por Marcio Serelle.
O artigo trabalha a questão da personagem no jornalismo narrativo enquanto elemento, assim como em obras ficcionais literárias, capaz de humanizar o leitor à medida que desperta empatia – além de ilustrar padrões de comportamento e condições de vida com maior legitimidade graças a transcrição de detalhes.

Anne, uma protagonista a frente de seu tempo
Por Julia Portilho.
A série “Anne With An E”, baseada nos livros de L. M. Montgomery, conta a história de Anne, uma menina órfã que, após um erro no sistema do orfanato, é adotada por engano por um casal de irmãos que buscava ajuda para o trabalho na fazenda. Ambientada na zona rural do Canadá do século XIX, o enredo explora diversos temas em evidência na época e que continuam relevantes, como o preconceito e o machismo estrutural incrustado na sociedade. Mesmo após quase dez meses desde seu cancelamento no final de 2019, a série canadense continua movimentando as redes sociais. Isto porque inúmeros abaixo-assinados em prol de sua renovação para uma quarta temporada circulam pela internet e buscam conquistar seu objetivo a todo vapor.

Quem fala sobre a ditadura nos jornais? Reflexões sobre as fontes de informação jornalísticas
Por Fernanda Nalon Sanglard e Teresa Cristina da Costa Neves.
O artigo verifica como se deu a cobertura jornalística brasileira sobre a ditadura militar durante o processo da Comissão Nacional da Verdade (CNV) e demais comissões entre julho de 2012 e dezembro de 2015. Discute, também, o papel das fontes de informação enquanto instrumento político e evidencia como o jornalismo tem predileção pelas fontes consideradas oficiais.

A impossibilidade de comunicação em Sagrada Família (1970) e Bang Bang (1971)
Por Júlio Martinez.
Durante o período da Ditadura Militar no Brasil (1964 – 1985), o Ato Institucional n. º5 (AI-5), instaurado em 1968, é considerado um dos momentos mais sombrios do regime. Essa atitude autoritária, dentre todas as medidas, legalizava a censura dos meios de comunicações e de obras artísticas, além da tortura dos opositores do governo. Em relação à arte brasileira nesse período, sabem-se de diversos casos de censura e até a destruição de obras artísticas, como músicas de Chico Buarque e Gilberto Gil (Cálice), Adoniran Barbosa (Tiro ao Álvaro), dentre outras. Também há casos no cinema, como Macunaíma (1969) de Joaquim Pedro de Andrade, que a censura impôs dezesseis cortes de sequências do filme. Entretanto, após várias negociações, esse número foi reduzido para três. Portanto, o início da década de 1970 é marcado por um enrijecimento do regime militar no Brasil, o que afetou bastante a produção cinematográfica, já que a liberdade de expressão era quase nula.

Outros tons do sertanejo: misoginia e feminicídio como marcas do cancioneiro rural brasileiro
Por Damiany Coelho e Mozahir Salomão.
O artigo investiga como a misoginia e a violência física contra a mulher aparecem nas canções do repertório da música sertaneja. O trabalho foi feito a partir da análise de conteúdo das letras de quatros músicas, que fazem referência a essa temática. São elas: Cabocla Tereza (1936), Justiça Divina (1959) ambas gravadas pela dupla Tonico e Tinoco, Ele Bate Nela (2014) de Simone e Simaria e O Defensor (2015) de Zezé di Camargo e Luciano. Os autores optaram por esse recorte pelo fato de tais canções se mostrarem bastante representativas dos períodos em que tiveram forte circulação e consumo.

WhatsApp na sala de parto e a midiatização do nascimento
Por Alessandra Gonçalves; Conrado Moreira Mendes; Maria Ângela Mattos.
Neste artigo, os pesquisadores e professores da PUC Minas investigam a midiatização do nascimento. O aplicativo de envio de mensagens WhatsApp, que terminou 2019 como o aplicativo mais baixado do mundo, entra como uma ferramenta de divulgação do recém nascido. O estudo foi realizado em uma maternidade pública estadual de referência para partos de alto risco obstétrico em Belo Horizonte.

Os efeitos da propaganda: análise de um comercial da Parmalat e uma campanha publicitária da Dove
Por Dara Russo; Deborah Dietrich; Julia Portilho; Letícia Anacleto; Vinícius Medeiros.
A Teoria da Persuasão, desenvolvida nos anos 1940 por estudiosos estadunidenses, propõe que um grupo de pessoas possa agir de maneiras diferentes ao receber determinadas mensagens, sendo o resultado de tais estímulos definido por processos psicológicos intervenientes. Dessa forma, vão existir fatores que podem interferir na forma de recepção de cada um: o interesse em obter informação por parte da audiência, a exposição, percepção e a memorização seletivas. (Wolf, 1996). Além desses fatores relacionados aos receptores, existem alguns vinculados, particularmente, à mensagem – como a credibilidade do comunicador, a integridade das informações, a ordem das argumentações e a explicitação das conclusões. Podemos aferir que a maneira de se conduzir a mensagem pode influenciar na recepção da audiência.

A propaganda contra a ideologia nazista
Por Fabíola Duarte; Giovana Cangussú; Marina Lemos; Paola Mariano.
Compreender o papel da comunicação social é fundamental para entendermos as dinâmicas da vida cotidiana. Diferentes usos da mídia foram decisivos, até mesmo, em diversos embates históricos. No contexto das Grandes Guerras Mundiais, por exemplo, técnicas de persuasão midiáticas influenciaram a opinião pública de forma a validar investidas bélicas totalitárias. Acreditou-se, inclusive, na onipotência dos meios, cujos efeitos nos modos de agir e pensar da audiência eram tidos como instantâneos, já que ela, supostamente, se constituía em uma “massa” apática, em uma coletividade heterogênea e desestruturada socialmente. Entretanto, a Alemanha Nazista não foi o único país a lançar mão de estratégias propagandísticas. Os Estados Unidos também se utilizaram, nesse contexto, de retóricas similares para promover seu próprio estilo de vida. Até mesmo figuras aparentemente inocentes como o personagem do Pato Donald foram acionados nesse esforço.

Djonga e a comunicação de sua área: uma análise do álbum “Histórias da minha área”
Por Frederico Brade Teixeira; João Scarano Guerra; Juan Chaves; Lacir Gomes Feital Junior; Leticia Santos Gois; Lucas Braga Teixeira Raposo da Cunha.
Nos últimos anos, em Belo Horizonte, observamos a ascensão de um fenômeno na música brasileira. De voz gritante e rimas que carregam o peso de uma dura realidade, Djonga trabalha em sua obra, desde o início da carreira, temáticas direcionadas a questões raciais e grupos marginalizados. No dia 16 de março de 2020, lançou seu quarto álbum de estúdio: Histórias da minha área. Com reconhecimento e fama por todo solo nacional, o rapper, no mainstream da mídia, dita tendências na música. Assume, mais do que nunca, sua verdadeira intenção como artista, afirmando suas raízes. Dessa forma, seu sucesso reverbera em todos aqueles que compartilham a realidade periférica, subalternizados por um sistema racista.

Até o amor ser bom, ele é tão ruim
Por Júlio Martinez
André Novais Oliveira é um dos diretores mais promissores do cinema brasileiro contemporâneo. Logo no início de sua carreira, seus filmes tiveram reconhecimento tanto nacional, quanto internacional, como o curta-metragem Pouco Mais de Um Mês (2013), disponível no canal da produtora mineira Filmes de Plástico, que passou na Quinzena dos Realizadores em Cannes.

Liberdade que aprisiona
Por Júlio Martinez.
Em Estou Me Guardando Para Quando o Carnaval Chegar (2019) Marcelo Gomes (diretor de Era Uma Vez Eu, Verônica e Joaquim) retorna a Toritama, cidade em que costumava ir com seu pai quando criança, localizada no agreste de Pernambuco. Atualmente, o município é conhecido por ser a capital do jeans e seus moradores se encarregam de cerca de 20% da produção nacional. Somos apresentados à Toritama por meio de planos que evidenciam o forte negócio da cidade. O documentário se inicia com um motoqueiro segurando uma penca de calças jeans, transportando-as por uma rodovia. Depois, a câmera observa o processo de produção em uma das facções, como são chamadas as pequenas fábricas dentro das casas, responsáveis desde o corte das roupas até o carregamento da mercadoria em uma carreta.
Atlantique: um Transe Tropical
Por Júlio Martinez.
Atlantique (2019), longa-metragem de estreia de Mati Diop, fez história no Festival de Cannes, sendo a primeira obra dirigida por uma mulher negra a entrar na competição pela Palma d’Or e, ainda, levar o Grand Prix. O filme se passa no Senegal, na cidade de Dakar, onde acompanhamos um amor proibido entre Ada (Mame Bineta Sane) e Souleiman (Ibrahima Traore).
A quem confessar? (O Irlandês, de Martin Scorsese)
Por Fábio de Carvalho
Nos perguntamos a quem a narrativa de Frank Sheeran (Robert De Niro) se dirige em O Irlandês (2019). Uma câmera em movimento nos detêm sobre os corredores de um asilo para idosos e encontra seu destinatário.
A ambiguidade, a inocência (Coringa, de Todd Phillips)
Por Fábio de Carvalho. O palhaço, por excelência, domina o ridículo de si. Havia uma sabedoria em Yorick, o bobo da corte de Hamlet, que atento a mise-en-scène da nobreza dinamarquesa sempre deu a última risada. Ao estar ao mesmo tempo com e contra o personagem, a câmera do filme de Todd Philips anda numa corda bamba. Como um bobo que maneja a sátira da própria corte para quem trabalha, o filme joga com sua plateia, prosperando nas transgressões que promove.
Comunicação, Pesquisa e Sociedade – Ep. 1 “O cinema e as imagens da cultura: alegoria e contraponto em Terra Estrangeira”, de Pedro Vaz Perez
No primeiro episódio apresentamos o professor da PUC Minas Pedro Vaz Perez com o tema “O cinema e as imagens da cultura: alegoria e contraponto em Terra Estrangeira”.
Comunicação, Pesquisa & Sociedade: I Encontro dos Grupos de Pesquisa do PPGCom
O Centro de Crítica da Mídia (CCM) – em parceria com: Faculdade de Comunicação e Artes (FCA); Lab Áudio Coreu; Lab Vídeo SG; Programa de Pós-Graduação em Comunicação PUC Minas (PPGCom) – tem o prazer de anunciar a série de vídeos Comunicação, Pesquisa & Sociedade. A fim de reafirmar a importância da pesquisa científica no campo da Comunicação Social para o cotidiano e o futuro das pessoas, os vídeos trarão pequenas exposições sobre os trabalhos realizados na pós-graduação da PUC Minas, reiterando os seus impactos na formação dos pesquisadores e no meio social. O primeiro episódio, a cobertura em vídeo do I Encontro dos Grupos de Pesquisa do PPGCom realizada pelo laboratório de áudio da FCA, será a exceção à regra para introduzir de maneira ampla as produções da série.
A Entrevista de Glenn Greenwald no Roda Viva e o olhar critico sobre o jornalismo
Por Carolina Lopes
O jornalista Glenn Greenwald, editor do The Intercept Brasil, concedeu na noite desta segunda-feira (2) entrevista a jornalistas no programa Roda Viva, da TV Cultura. Atualmente o The Intercept Brasil tem soltado uma série de reportagens intitulada Vaza Jato, onde informações importantes e comprometedoras dos bastidores da operação Lava Jato estão sendo divulgadas, mostrando que houve uma “armação política” por parte dos membros do Ministério Público, o que coloca em risco a integridade de todo o sistema Judiciário brasileiro.
Diálogos Impertinentes: a televisão universitária em encontro com a sociedade
Por Fábio de Carvalho
O Diálogos Impertinentes foi um programa universitário produzido pela TV PUC em parceria com o Sesc São Paulo e a Folha de São Paulo. No ar de 1995 a 2007, o programa contou com participações de importantes figuras da cultura e intelectualidade brasileira. Trazendo o debate entre diferentes perspectivas sobre temas como utopia, urbanismo, paixão o Diálogos representa um raro momento de convergência entre academia, televisão e sociedade brasileira.
Disposições sobre anônimos: o sujeito ordinário na história, na sociologia e na mídia
Por Ercio Sena e Juliana Gusman
O artigo pretende refletir sobre a presença de sujeitos anônimos e sobre suas realidades cotidianamente negligenciadas em narrativas midiáticas distintas. Para isso, estabelece relações com estudos sobre a abordagem dos anônimos na história e nas ciências sociais brasileiras. Esses movimentos buscam capturar ações que miram a visibilidade desses sujeitos, pertencentes às classes populares, em vestígios configurados, ou não, por eles. A partir daí, o artigo discorre sobre os desafios que caracterizam a emergência de outros sujeitos, não hegemônicos, na cultura da mídia contemporânea.
Crítica e reconhecimento: lutas identitárias na cultura midiática
Por Marcio Serelle e Ercio Sena
Este artigo analisa interações polêmicas sobre o filme Vazante e a peça Gisberta, em que grupos identitários vinculados a pessoas negras e transexuais, respectivamente, criticaram o modo como foram representados nessas ficções. A partir da teoria de reconhecimento em Axel Honneth, busca-se compreender a emergência dessas formas de luta social na cultura midiática. Para isso, examinam-se a semântica coletiva e o modo como ela organiza e expressa os sentimentos de injustiça em face dessas narrativas. Os embates evidenciam diferentes reivindicações, que se referem tanto à inclusão cultural como à autonomia da ficção, e propõem relações entre narrativa e sociedade que desafiam a crítica midiática atual.
Garotas mortas é sobre procura
Por Caíque Pinheiro
Desde a capa da edição brasileira (Todavia, 2018), com a imagem de uma flor muito próxima e de outras mais distantes, todas desfocadas, a não ficção de Selva Almada, Garotas mortas, parece sugerir esta mensagem: seu livro é sobre a busca de ver algo (e também sobre não vê-lo, de fato). No caso, a autora denuncia e investiga mais profundamente três feminicídios ocorridos na década de 1980, em cidades no interior da Argentina; histórias irresolutas desde então, e que – paradoxo posto – mesmo seu bom olhar não contribui para solucionar.

O show deve continuar?
Por Amanda Diniz
“Criamos uma indústria da moda onde as pessoas morrem e o show continua”, disse Marina Colerato, editora do site modefica. Após a morte do modelo Tales Cotta no dia 27 de abril, que passou mal durante o desfile da marca Ocksa na São Paulo Fashion Week (SPFW), diversos questionamentos sobre posturas no mundo da moda contemporânea começaram a surgir.
Imagens do leitor: a experiência da leitura como instância da mediação
Por Gabriela Barbosa
A leitura não é uma ação natural, precisamos ser ensinados a ler para ter acesso ao texto (HÉBRARD, 2011). Mas, uma vez aprendida, a leitura se torna um lugar de possibilidades infinitas. Especialmente nos dias de hoje, quando a circulação de livros é mais fluida e permite que mais pessoas tenham acesso à leitura e aos livros que eram antes considerados territórios dominados pelos eruditos.
Queerbating: eles querem seu dinheiro, não quem você é
Por Victoria Silva Rodrigues
É inegável a má interpretação, processos de estereotipagem e marginalizações de determinadas parcelas da sociedade nas representações midiáticas e em diversos produtos culturais. Filmes, séries, programas de televisão e rádio foram responsáveis por reforçarem preconceitos que até hoje estimulam a constante repulsa a certos grupos, afastando-os de sua devida visibilidade e de seus direitos. Logo, a mídia pode extrapolar sua missão de entreter e pode, também, buscar remediar injustiças sofridas por esses sujeitos através de conteúdos cada vez mais inclusivos. Porém, esta realidade ainda permanece longe de ser alcançada.
Utopia no fim do homem soviético
Por Ercio Sena e José Milton Santos
Os pesquisadores Ercio Sena e José Milton Santos publicaram o artigo Utopia no fim do homem soviético na revista Intexto, da UFRGS. A proposta deste estudo é de uma análise da utopia na obra O fim do homem soviético, da escritora e jornalista Svetlana Aleksiévich. Escrito a partir de relatos e depoimentos de pessoas comuns, o trabalho da autora é analisado por meio de falas cotidianas que abordam o fim do socialismo na União Soviética. A autora busca a percepção da grande narrativa sobre a construção socialista na visão das pessoas ordinárias, afetadas diretamente por esse período.
Como a cultura das playlists interfere no processo de produção musical
Por Rafael Mafra
Embaralhar músicas de artistas diferentes em uma playlist não é algo novo. O rádio faz isso desde seus primórdios, alternando uma música do Led Zeppelin com uma do Queen, uma do Michael Jackson com uma da Madonna, uma do Baco Exu do Blues com uma do Djonga, e assim por diante. Um Frankestein diferente a cada era musical. Contudo, a partir de um menor consumo do rádio por parte da juventude, são as plataformas de música por streaming – tecnologia multimídia através da transferência de dados pela Internet – que se tornam o meio privilegiado de consumo de músicas por lista.
Suspiria: como um remake feito quarenta anos depois acompanhou a emancipação feminina
Por Victoria Silva Rodrigues
Em 2018, o diretor italiano Luca Guadagnino, autor do aclamado Me Chame Pelo Seu Nome (2017), dividiu opiniões sobre seu remake do famoso Suspiria de 77. Ovacionado por alguns, odiado por outros, o próprio Argento, em entrevista, posicionou-se: “traiu o espírito do original”, moderando em seguida e pontuando o produto como “refinado”. É inegável que a obra de Guadagnino sequer se aproxima da lisergia visual construída por Dario, entretanto, alguns aspectos notáveis explicitam o poder de uma história múltipla que acompanha o amadurecimento de uma geração e da sociedade em geral.
Ficção científica por mulheres: Faculdade de Letras da UFMG promove seminário sobre o gênero literário
O ano de 2018 marca o bicentenário de uma das obras mais aclamadas e reconhecidas da literatura mundial: Frankenstein, escrito pela inglesa Mary Shelley. A obra, considerada por muitos berço da ficção científica, foi o pontapé para a criação do seminário De Shelley a Atwood: Ficção Científica por Mulheres, que ocorreu na Faculdade de Letras (FALE) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), no dia 6 de novembro. O evento foi organizado pelo Núcleo de Utopismos e Ficção Científica e, nessa primeira jornada, a palestra de abertura foi articulada pelo professor Julio Jeha.
Crítica de mídia e estigmas sociais: entre reconhecimento e resistência
Por Gabriela Barbosa
Em função das atividades do VII Seminário Mídia e Narrativa, semana passada recebemos Rosana de Lima Soares — professora da ECA-USP, coordenadora e pesquisadora do grupo de estudos MidiAto — para conversar com os alunos do mestrado e demais interessados sobre crítica da mídia e reconhecimento.
O cotidiano nos quadrinhos documentais
Por Douglas Fernandes e Henrique Perini
A noção de quadrinhos documentais, segundo o professor da UFJF, Felipe Muanis, propõe a articulação entre a forma cultural da HQ, comumente associada ao entretenimento, e a narrativa de não ficção. O termo “serviria para designar um gênero mais amplo, um guarda-chuva, contendo outras abordagens como a jornalística, a biográfica e a do relato de viagem”, assinala. Muanis esteve em setembro, na Faculdade de Comunicação e Artes, para dar uma palestra sobre o tema a convite do CCM.
Memória e persistência dos golpes: as revistas brasileiras na análise de Frederico Tavares
Por Juliana Gusman.
A relação de Frederico Tavares com revistas começou, segundo ele, na infância. Seu interesse extrapolou a gaveta na qual guardava “décadas em papel couché” debaixo da cama para se transformar em um persistente objeto de estudo, foco do trabalho do professor do departamento de Comunicação Social da Universidade Federal de Ouro Preto há onze anos. Ao longo do tempo, no entanto, o apreço passou a conviver com certa desconfiança, sentimento profícuo para a perspectiva crítica.
Um copo de água e um cochilo à tarde
Por Carolina Cassese.
“Quando vocês pediram pra gente escrever alguma coisa da nossa vida, eu achei que não tinha nada pra contar. E até agora eu não sei se eu tenho. Mas depois de um tempo, eu fui tomando gosto de pensar nas coisas que me aconteceram. Comecei a pensar em tudo que eu tinha visto, nas cidades que eu conheci e em todo mundo que eu encontrei pelo caminho. E comecei a pensar muito na Ana. E fiquei pensando que, de tudo que eu vivi, essa história é a que eu mais ia gostar de escrever”.
Vamo comê? A política antropofágica de Adriana
Por Caíque Pinheiro
Adriana Calcanhotto está de volta ao país. Depois de um tempo em alguns lugares da Europa, como Portugal, onde ensinou sobre poesia brasileira na Universidade de Coimbra, ela traz um espetáculo repleto de intertextualidades, com poderosas canções inéditas e releituras. A Mulher do Pau Brasil começou sua turnê em Belo Horizonte, na noite da sexta-feira, 10 de Agosto, em um Palácio das Artes inteiramente ocupado pelo público. Sua apresentação teve uma bela parte introdutória, um núcleo muito significativo e “encerramentos” dignos de nota.
A descoberta de uma anatomia
Por Fábio de Carvalho
Me chame pelo seu nome, que eu te chamarei pelo meu – troca de afetividades, transcorporalidade. Eu em você, você em mim. O descobrimento de uma dada sexualidade é processual, não há possibilidade instantânea para tal conhecimento. É necessário tocar e ser tocado, sentir e fazer sentir. Esse processo não começa necessariamente pelos rituais programados de uma sociedade heteronormativa, mas pela singularidade de cada experiência. É através da captura de certa singularidade que “Me chame pelo seu nome” (2017), dirigido por Luca Guadagnino, revela sua pertinência ao espectador.
Um hotel às margens do capitalismo
Por José Victor Fantoni
“Projeto Flórida” é o sexto filme do diretor Sean Baker, que, em 2015, alcançou notoriedade com “Tangerine”, narrativa sobre o cotidiano de duas mulheres trans, colocadas à margem da sociedade, lutando pela sobrevivência no duro mundo da prostituição. “Tangerine” e “Projeto Flórida” se destacam pela capacidade de criação e imaginação, potência crítica e pelo baixo orçamento – ambas as filmagens foram feitas em um estilo seco, sendo a primeira integralmente por câmara de celular.
Refletindo e desvendando a narrativa na cultura digital com Vera Follain
Por Gabriela Barbosa
Para refletir e enriquecer o debate sobre narrativa e cultura contemporânea, o grupo de pesquisa Mídia e Narrativa recebeu, nos dias 17 e 18 de maio, na PUC Minas, campus Coração Eucarístico, a professora doutora Vera Lúcia Follain de Figueiredo da PUC Rio, que atua no Programa de Pós-Graduação em Comunicação e também no Programa de Pós-Graduação em Literatura, Cultura e Contemporaneidade, do Departamento de Letras da mesma instituição.
A reflexividade dos fios expostos: contra-hegemonia no documentário Laerte-se
Por Juliana Gusman
Embora tímida, Laerte Coutinho é uma figura midiática intensamente explorada. Para além de seu prestígio profissional, sua transgeneridade lhe rendeu reportagens, capas de revistas e entrevistas em diversos programas de televisão. Em 2017, tornou-se alvo da câmera de Eliane Brum e Lygia Barbosa da Silva, diretoras e roteiristas do documentário que transforma seu nome em verbo. “Laerte-se” retrata, ineditamente, aspectos da vida da celebrada cartunista, mulher trans que viveu 57 anos como homem. No país que mais mata transexuais, transgêneros e travestis no mundo, Laerte se coloca como notável ativista da causa e acreditamos que a maneira como sua militância artística, corporal e política é representada neste filme pode conflagrar importantes discussões sobre abjeção, humanização, diferença e, claro, gênero.
Ambiguidades do culturalismo conservador em “Pega Pega”
Por Ester Caroline Rodrigues Pinheiro
A telenovela “Pega Pega”, exibida pela Rede Globo entre 2017 e 2018, teve sua trama inspirada pelo momento político em que o Brasil se encontrava, em que vários casos de corrupção foram publicizados, com a prisão de políticos e empresários. O próprio título da novela: “Pega Pega” remete à ideia de ‘pegar’ os que estariam fora da lei, o que é confirmado no decorrer na trama, que expõe, em sua narrativa, a corrupção de forma generalizada. “Pega Pega” também debateu a idealização do exterior e a desvalorização do Brasil, junto com o pensamento segregacionista da elite e da classe média em relação à chamada classe C.
Distopia e opressão de gênero: “The Handmaid’s Tale”
Por Gabriela Barbosa e Juliana Gusman
Baseada no livro homônimo da canadense Margaret Atwood, romance distópico publicado em 1985, a série “The Handmaid’s Tale” estreou em 2017, no serviço de streaming Hulu. Aclamada pela crítica, a produção já ganhou vários prêmios: oito prêmios Emmy, em 2017, e dois Golden Globes, em 2018. O mundo de “The Handmaid’s Tale” se passa em um futuro próximo quando uma instituição totalitária toma posse do governo dos EUA e institui uma sociedade dividida em “castas” de acordo com, entre outros aspectos, gênero e estamento. A série foi discutida em três sessões na PUC Minas, promovidas pelo grupo de pesquisa Mídia e Narrativa e o Centro de Crítica da Mídia, com comentários das mestrandas Gabriela Barbosa e Juliana Gusman, do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social.
Nos dois textos a seguir, as mestrandas discorrem analítica e criticamente sobre a série, abordando questões acerca das representações de gênero e da distopia na literatura e no audiovisual.
Jornalismo e o trabalho de tradução da experiência de ocupação urbana
Por Míriam Santini de Abreu e Gislene Silva
O VI Seminário Mídia e Narrativa, com o tema Emergências: novas realidades e as mídias, pautou-se pela constatação de que as mídias têm, historicamente, apagado sujeitos e espaços sociais. Outras narrativas, tanto à margem como em articulação com os meios de comunicação estabelecidos, vêm valorizando vozes até então silenciadas. Entre elas estão as mídias que produzem jornalismo contra-hegemônico, que tem potencial para fazer o trabalho de tradução das experiências sociais que se contrapõem aos modelos hegemônicos ditados pelo capitalismo global, na perspectiva teórica de Boaventura de Sousa Santos.
Jornalismo alternativo brasileiro: a produção da notícia como iniciativa em economia solidária
Por Elisangela Colodeti
Este ensaio trata do papel do jornalismo contra hegemônico brasileiro, no atual contexto de avanço das políticas neoliberais. Num país onde se vive uma democracia de baixa intensidade e pouco participativa, no qual a distância entre representantes e representados cresce na mesma medida em que o ideal capitalista se edifica enquanto concepção social preponderante, buscaremos entender como o jornalismo alternativo, enquanto parte do campo, se coloca enquanto peça-chave de um conjunto de propostas e práticas de resistência e mudança paradigmática.
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Eu não gosto de Black Mirror
Por Gloria Gomide
Não há como negar que as séries são o melhor formato ficcional adaptado à televisão ‒ difusão regular e pacto com o espectador visto que sua narrativa cumpre a promessa pragmática de regresso. Como nos antigos folhetins do século XIX, vê-se, portanto que o seriado é sempre composto de uma mesma fórmula. Se no feuilleton original, as histórias ocupavam os rodapés periodicamente, no seriado televisivo as aventuras se desenvolvem sempre no mesmo dia, mesmo horário, com temas atraentes ao público.
O machismo introjetado na poesia: formas e conteúdos em O Filme da Minha Vida
Por Nanda Rossi
O “Filme Da Minha Vida”, lançado em agosto deste ano, é o terceiro longa de direção de Selton Mello. Baseado no livro “Um Pai de Cinema”, do chileno Antonio Skármeta, o filme conta uma história ambientada nas Serras Gaúchas nos anos cinquenta. Os pontos a serem discutidos passam, aqui, por três eixos: a forma, a estrutura (como parte da própria forma), e a temática. A forma e a estrutura, elementos principais do filme, sustentam e fazem do longa o que ele primeiramente é: uma beleza dotada de grande dose de poesia. Mas que não apagam, afinal, a problemática no conteúdo — a maneira como a temática foi conduzida e principalmente concluída: a estereotipização das personagens femininas e o machismo de um pai vangloriado que acaba por ser tratado de forma leviana.
HOMOSSEXUALIDADE NO CINEMA: REALIDADES EM CONFLITO
Por Roberto Barcelos
Pensar sobre cinema é analisar como representações influenciam espectadores e formas de significar o mundo. Em espaços alternativos às produções realizadas pelo audiovisual televisivo, assuntos considerados tabus para muitos são tratados com uma visão crítica e delicada por diretores e roteiristas. Logo, o gay no cinema e suas diversas facetas podem ser enxergados como um ato político de representatividade.
Fritz Lang e a ideologia: a construção do contraditório entre o cinema e a história
Por Pedro Vaz Perez
Não são muitos os diálogos reservados por Jean-Luc Godard a Fritz Lang em O Desprezo (1963). Mas, naqueles momentos em que ouvimos o personagem-ator-diretor, temos a justa medida de um grande homem que enfrentou o fascismo na Alemanha para cair nas mãos tiranas do produtor hollywoodiano. “Anos atrás, uns anos horríveis atrás, os hitlerianos diziam “revólver”, em vez de “talão de cheques”, ironiza Lang ao responder à provocação do capitalista americano Jeremy Prokosch: “quando escuto a palavra cultura, eu puxo meu talão de cheques”.
Eu não sou seu negro: o racismo daqui e o racismo de lá
Por Pablo Moreno Fernandes Viana
O Oscar 2017 foi marcado por um momento de transição na Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos. Desde as críticas por conta da ausência de representatividade negra nos filmes indicados à premiação em 2016, muito se discutiu a respeito da temática. Isso refletiu nos indicados de 2017: pela primeira vez na história, vários atores e atrizes negros concorreram em diversas categorias. Filmes com temáticas direcionadas aos negros disputaram estatuetas, diretores negros foram indicados, além de haver representantes também em diversas categorias técnicas. Um grande passo rumo a uma maior inclusão e representatividade na principal premiação do cinema comercial no mundo.
A representação do outro em Deus e o Diabo na Terra do Sol
Por Roberto Barcelos
A promessa de o mar virar sertão e o sertão virar mar é um ponto de esperança na narrativa do filme “Deus e o Diabo na Terra do Sol” (1964). Dirigido e roteirizado pelo cineasta Glauber Rocha com a colaboração do documentarista Walter Lima Jr., o longa-metragem faz valer ao nome o diretor ao lado de outras obras dele, como “Barravento” (1962) e “Terra em Transe” (1967). No filme, encontramos o posicionamento político do diretor como um autor, dono de sua obra e de um pensamento forte de revolução. Todavia, sua temática socialista e a luta do proletariado contra o sistema que o oprime é compreendido, infelizmente, apenas por aqueles que estudam a obra do Glauber Rocha e a sua importância para o cinema nacional.
Crítica de Mídia e Arte Urbana: manifestações culturais e visibilidades periféricas
Por Rosana de Lima Soares
Na oficina “Crítica de Mídia e Arte Urbana”, buscamos apontar a presença da arte urbana na cidade de São Paulo (SP) e as diferentes narrativas presentes nas mídias a respeito dessa questão, tendo como objetivo analisá-las em perspectiva crítica a partir de aportes dos estudos de discurso e dos estudos culturais. Os objetivos foram: a) compreender a função da crítica de mídia; b) observar diversas narrativas midiáticas em torno de uma mesma questão, enfatizando os estigmas, estereótipos e preconceitos nelas presentes; c) realizar a análise crítica de narrativas midiáticas sobre a questão do grafite na cidade de São Paulo.
Whitewashing: a herança de um passado xenófobo na indústria do cinema
Por Roberto Barcelos
Apesar das inúmeras contribuições do cinema hollywoodiano para a indústria audiovisual, existem certas lógicas de seu sistema que influenciam a construção social e a marginalização e estereotipização de certos grupos sociais em diversos níveis. O whitewashing é uma forma de violência simbólica que elimina a representação de etnias não caucasianas em filmes, séries, seriados e novelas, criando uma realidade narrativa composta por personagens de aparências homogêneas de acordo com o padrão de beleza vendido por essa indústria. Essa prática recorrente, ainda, elimina a representatividade e naturaliza preconceitos.
Feminino de peitos
Por Juliana Gusman
Lévi-Strauss, citado por Rodrigues (1979) propõe abordar a sociedade a partir da perspectiva de que o comportamento humano e as relações sociais constituem uma linguagem. Para o autor, o espírito humano opera em uma estruturação inconsciente que ordena relações entre sujeitos e o mundo. Organizar, para Lévi-Strauss, significa atribuir e reconhecer sentidos disponíveis no cotidiano. Tratam-se de normas que estipulam, instituem e convencionam valores e significações que possibilitam a comunicação entre sujeitos e grupos. A sociedade é encarada como uma construção de pensamentos individuais, coletivos e compartilhados. A cultura seria, portanto, uma espécie de mapa que orienta comportamentos na vida social.
Black Mirror: Cinismo e Crítica da Mídia em “15 milhões de méritos”
Por Julia Lery
Seguindo a tradição das distopias, recentemente resgatadas pelas séries televisivas, episódio “15 Milhões de Méritos” (Euros Lyn, 2011), de Black Mirror, aborda um futuro opressor exagerado, mas incrivelmente próximo de realidades presentes e cotidianas. É exatamente por conta dessa identificação que sentimos ao ver a série que o jargão e a hashtag “isso é tão Black Mirror” tornam-se parte das conversas cotidianas e postagens nas redes sociais.
Diante da dor dos outros: a cobertura do sofrimento humano em ocorrências de terremotos no mundo
Por Eliziane Silva Oliveira
Na madrugada do dia 24 de agosto de 2016 – ainda noite do dia 23 no Brasil – um terremoto de 6.2 graus na Escala Richter atingiu a região central da Itália, deixando cerca de 300 mortos, dezenas de feridos e centenas de pessoas desabrigadas. Abalos sísmicos na Itália são relativamente frequentes. Entre as explicações apresentadas por cientistas para a intensa atividade sísmica na região estão o grande atrito entre as placas tectônicas da Eurásia e da África e também a existência de um sistema de falhas ao longo de toda a extensão da Cordilheira dos Apeninos.
A fala simples na reportagem
Por Caíque Pinheiro
No ultimo ano, a Academia Sueca fez juntar-se a nomes como Alice Munro, Doris Lessing, Mário Vargas Llosa e J.M. Coetzee a quase desconhecida Svetlana Aleksiévitch – uma senhora nascida ucraniana e criada na Bielorrúsia. Em comum, esses autores têm o Nobel de Literatura, mas, à diferença de quase todos, Svetlana o recebeu por sua obra não ficcional.
O cinema de Leon Hirszman como investigação da realidade social
Por Pedro Vaz Perez
Um dos principais nomes do cinema novo no Brasil, Leon Hirszman dedicou sua carreira a filmar injustiças e opressões identificadas no tecido social do país, aprofundando, através do exemplo brasileiro, nas desigualdades do capitalismo. Exprimiu a dupla proposta do movimento cinemanovista – o exercício político e a experimentação estética –, ao longo de seus 12 curtas-metragens e oito longas-metragens, entre ficções e documentários. Registrou e ficcionalizou as relações de trabalho e de classe, as condições de vida e a expressão cultural da parcela batalhadora e sem privilégios da sociedade brasileira, através de uma linguagem seca e direta, buscando a comunicação sem abrir mão do apuro artístico. Em sua estética, informada pelo realismo crítico e pelas lições da montagem soviética, deu-nos a perceber essas realidades a partir de rígidas composições pictóricas e uma precisa direção de olhares, gestos, palavras e movimentos, em momentos combinados a um exercício documental de observação.
O jornalismo reflexivo de Janet Malcom
Por Bruno Costa
A escrita de Janet Malcolm trabalha no limite da não ficção. Criativa, original, cuidadosa com as palavras, dotada de voz marcada e marcante, a jornalista possui amplo repertório cultural e capacidade de engajar o leitor. É quase surpreendente que Malcolm não tenha se tornado uma ficcionista. E por que ela não se tornou?
Blog promove leitura crítica sobre imagens do cotidiano
Por Juliana Gusman
O blog Reading the Pictures propõe uma reflexão crítica sobre imagens que circulam cotidianamente na mídia. Em uma sociedade cada vez mais visual, busca-se compreender níveis de significado, histórias que suscitam produções imagéticas e as mediações que as costuram no tecido social. A plataforma também publica e analisa trabalhos de fotojornalismo originais.