Na noite de 5 de maio de 2021, a comunidade acadêmica da Faculdade de Comunicação e Artes da PUC Minas reuniu-se virtualmente para a cerimônia de abertura das celebrações de seu cinquentenário.
Compuseram a mesa de abertura do evento, transmitido ao vivo pelo canal PUC Minas Lives, o Excelentíssimo e Reverendíssimo Grão-chanceler da PUC Minas, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB); o reitor da PUC Minas, professor Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães, que também é bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte; a pró-reitora de graduação, professora Maria Inês Martins; o pró-reitor de extensão, professor Wanderley Chieppe Felippe; e o pró-reitor de pesquisa e pós-graduação, professor Sérgio de Morais Hanriot.
Pela FCA, compuseram a mesa o fundador e ex-diretor da Faculdade (entre os anos de 1971 a 1976), Lélio Fabiano dos Santos; o diretor da FCA, professor Mozahir Salomão Bruck, que também é secretário de comunicação da PUC Minas; a chefe do Departamento de Comunicação Social e coordenador do curso de Jornalismo do campus Coração Eucarístico, professora Viviane Maia Vilas Boas e a presidente da Comissão dos 50 anos da FCA, professora Adelina Martins de la Fuente, além da presença do professor Dr. Muniz Sodré, conferencista da cerimônia.
A cerimônia contou com um vídeo especial de abertura, com depoimentos de alunos, professores, funcionários e ex-membros da comunidade acadêmica, que relembraram suas passagens pela Faculdade.
O Excelentíssimo e Reverendíssimo grão-chanceler da PUC Minas, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), destacou sua alegria e orgulho ao participar da solenidade do cinquentenário da FCA.
Dom Walmor ressaltou que os 50 anos coincidem com o centenário da Arquidiocese de Belo Horizonte e, portanto, nessa alegria conjunta, tem muito a agradecer e dizer do orgulho de poder atuar em um campo tão importante como o da Comunicação.
“É um orgulho poder contar com a FCA como um braço importante de serviço que a Igreja presta, formando profissionais da mais alta qualidade em um momento em que a comunicação se torna importante como o alimento. A recomposição do tecido social do Brasil precisa do remédio que é uma comunicação bem feita, qualificada, substantiva, como a Faculdade de Comunicação e Artes tem nos ajudado a oferecer”.
Dom Walmor Oliveira de Azevedo, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e grão-chanceler da PUC Minas
Também o Magnífico Reitor, Dom Mol, lembrou que, quando a FCA foi fundada, a ditadura militar, instaurada em 1964, tinha menos de 10 anos. No entanto, neste curto espaço de tempo, muitos já tinham perdido suas vidas em função da violência da repressão: “Não podemos esquecer isso. Não é algo que estava distante dos alunos e dos professores. Eles eram todos vigiados, o tempo inteiro. Na FCA, tiveram que aprender a cultivar a liberdade. Parabéns por terem cultivado a liberdade como um valor”.
“Não conseguimos imaginar a Universidade sem esta área de conhecimento tão importante. Cabe destacar a capacidade que a Faculdade de Comunicação e Artes tem de gerar redes, que são tão importantes dentro da Universidade. E, com essas redes, colocou profissionais formados pela PUC Minas em todos os espaços. É um grupo muito diferente, extremamente sensível”.
Professor Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães, Reitor da PUC Minas
Uma Faculdade forjada na luta pela democracia
A pandemia do novo coronavírus foi citada pelo diretor da Faculdade, professor Mozahir Salomão Bruck, que destacou que a FCA esteve em intenso movimento nos últimos meses, o que permitiu retirar da crise novas ideias e novos modos de fazer. O diretor também destacou a vocação de ação política da Instituição:
“Nosso amor pela educação nos impõe a defesa de um projeto de universidade crítica, compromissada com uma sociedade mais justa e esclarecida, cidadã e de cultura de paz. Seguindo nossa história e o espírito que nos forjou, na FCA, o respeito e a reverência ao conhecimento e à ciência se opõem a qualquer tipo de negacionismo e de pensamento único, pois esses são os principais nutrientes do autoritarismo“, declarou Mozahir Bruck, que destacou que é preciso lamentar e indignar-se diante de cada vida perdida na pandemia.
A luta pela democracia também foi citada na fala do fundador e ex-diretor da Faculdade, professor Lélio Fabiano dos Santos.
“Não podemos esquecer que esta Faculdade foi criada dois anos e dois meses depois do AI5. Quantos das nossas turmas anteriores tiveram que batalhar. Tivemos alunos presos, alunos torturados, professores presos, professores que morreram, não na tortura, mas, muitas vezes, fora do país, fugindo da repressão. Nesses 50 anos, comemoramos em um momento tão difícil quanto àquele em que nascemos, em plena ditadura militar, mas lutamos sempre, com alegria”.
Professor Lélio Fabiano dos Santos, fundador e ex-diretor da FCA
O diretor da Faculdade, professor Mozahir Salomão Bruck, também agradeceu aos membros da Administração Superior da PUC Minas pelo irrestrito apoio que sempre deram à Faculdade de Comunicação. O professor falou da nostalgia como um sentimento que também pode ser prospectivo, restaurador ou reflexivo. Nessa última perspectiva, defendeu que a Faculdade de Comunicação e Artes tem a consciência crítica necessária para lançar, no presente, as bases para um devir que se aproxima cada vez mais rápido, envolto na opacidade do mundo contemporâneo.
“Todos nós que pela FCA passamos ou permanecemos, aprendemos o profundo sentido da palavra diversidade, a necessidade do exercício da empatia, a urgência da tolerância. Sem eles, não há humanismo possível. Essas efemérides nos lançam no caudaloso oceano das memórias e o afeto é a ponte que nos leva às lembranças de momentos doces, ternos, e também de conflitos, frustrantes. Mas também há a alegria da descoberta e da fascinação que nasce daí. Momentos demasiadamente humanos”.
Professor Mozahir Salomão Bruck, diretor da FCA
Abertura destacou valores humanistas
Já a professora Viviane Maia destacou que o aniversário da FCA tem um significado duplamente especial, já que também nasceu no ano de 1971. Em sua fala, destacou os valores de formação das várias gerações de estudantes que passaram pela Faculdade. Lembrou, também, da dor das famílias que perderam entes queridos ao longo dos últimos meses, em decorrência da pandemia, destacando que o afeto e o amor estão na alma da Faculdade.
“Se não temos mais as certezas que tínhamos, temos novos horizontes que se abrem, e a FCA chega aos 50 anos jovem, atenta às transformações, mas também madura, com compromissos, marcas e valores que lhe são próprios e muito caros. Com uma formação pautada pela ética, pelo pensamento crítico e pelos valores humanistas. Uma formação também muito afetiva, marcada pelo sorriso e pelo acolhimento”.
Professora Viviane Maia, Chefe do Departamento de Comunicação e Coordenadora do curso de Jornalismo no campus Coração Eucarístico
A presidente da Comissão dos 50 anos da FCA, professora Adelina Martins de la Fuente, destacou a alegria e o orgulho de fazer parte da Faculdade desde a graduação, passando pelo mestrado e pela atuação profissional, e agradeceu aos colegas da Comissão pelo empenho na organização dos eventos pelo aniversário da Faculdade.
“A história da FCA foi construída por milhares de pessoas. São muitos professores e funcionários que se dedicam dia a dia para formar profissionais críticos, éticos e humanos, e muitos alunos que vão para o mercado com grande bagagem de conhecimento e responsabilidade em exercer a comunicação de forma séria e competente”.
Professora Adelina de la Fuente, Presidente da Comissão dos 50 anos da FCA
Na sequência das falas das autoridades acadêmicas, o músico, compositor ex-aluno da FCA Rodrigo Borges fez uma apresentação com músicas autorais e clássicos como Clube da Esquina II.
Incivilidade e adoecimento da mídia
Na conferência de Muniz Sodré, a argumentação foi desenvolvida a partir de um resgate da trajetória da formação da sociedade industrial até os dias de hoje. Sodré evidenciou a circulação das informações na lógica neoliberal para desenvolver o conceito de “sociedade incivil“, tema de seu mais recente livro.
“É incivil a publicização de informações e a publicização de discursos como simples publicação, seja impressa, seja nas redes, sem a mediação política. Nessa sociedade incivil, vai desaparecer aquele burguês produtivista e acumulador, que foi sonhado pelo liberalismo clássico, e está tão bem romanceado, para dar lugar à consciência volátil do rentista. Efemeridade e volatilidade são bases do turvo capitalismo financeiro”.
Professor Muniz Sodré, conferencista
Segundo Sodré, a incivilidade se guia por fórmulas ocas que hibridizam política estatal, demagogia e publicidade, que tornam-se modelos mobilizados por dirigentes como o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mas extensivos também a fenômenos como o ultranacionalismo europeu. “Essas fórmulas se revestem de características imperiais que são regressivas, a exemplo da Rússia e da China, em um panorama ainda insondado”, detalhou o professor. Segundo ele, nessa fórmula, se torna impossível qualquer forma de Estado.
Após o diagnóstico desse quadro problemático, chamado por ele de sociedade incivil, Sodré apresentou um prognóstico de que o desafio da democracia pode ser o de se compatibilizar institucionalmente com o funcionamento da vida social e as transformações tecnológicas trazidas por este novo modo de organização da sociedade.
“Este desafio se apresenta na educação superior, que é imprescindível, mas ainda não se reinventou institucionalmente à altura dos avanços organizacionais dos setores da tecnologia e da inteligência artificial. O mesmo ocorre com a informação pública. Apesar de todos os avanços técnicos, ela permanece aquém do fulgor obtido no passado do liberalismo pela imprensa factual e opinativa”.
Professor Muniz Sodré, conferencista
Apesar de toda a crise de confiança, para o professor, as democracias não parecem condenadas ao fim, pois continuam sendo caminhos institucionais da soberania da sociedade civil – ainda que imperfeitas, já que oferecem vias potencialmente alternativas à intolerância, ao arbítrio e à força.
FCA 50 anos
Atualmente, a Faculdade tem nove ofertas de formação presencial e um tecnólogo à distância, além de um programa de mestrado e 33 cursos de especialização lato sensu. Com mais de 70 professores, 21 funcionários e cerca de dois mil alunos, reúne um conjunto de docentes altamente qualificado em termos de formação acadêmica e efetiva conexão com o mercado profissional.
O corpo de pesquisadores tem inserção e reconhecimento em seus domínios de investigação. E, conforme destacado na fala do professor Mozahir Salomão Bruck, assume o desafio de estar sempre um passo à frente em uma área profissional que se reinventa a cada minuto.