Filmes curta-metragens de alunos do curso de Cinema e Audiovisual da Faculdade de Comunicação e Artes (FCA), da PUC Minas estão disponíveis na plataforma de streaming independente Cardume.
Além de contar com uma grande quantidade de curtas, a plataforma também possui um programa de parcerias com os centros de formação em audiovisual do país para inclusão de obras de estudantes no catálogo.
Confira as produções que estão no Cardume:
Jaíza
Jaíza é um filme produzido no quinto período do curso por João Paulo de Freitas e Ana Clara Gonçalves França. O curta trata do aborto ilegal no Brasil, um grande problema de saúde pública no país, e que não é amplamente discutido pela sociedade. A produção traz outra visão sobre o tema, atravessado por questões como fé e religiosidade.
Segundo João Paulo de Freitas, um dos diretores do filme, Jaíza tenta colocar o espectador na pele das mulheres que têm que passar por essa decisão. Ele disse que a ideia do curta partiu de uma inquietação de sua irmã mais nova que, em 2018, ano em que havia uma tentativa de legalizar o aborto no congresso, viu um vídeo da pesquisadora Débora Diniz sobre o tema, e perguntou o que ele achava.
João disse ser a favor da legalização do aborto, os dois discutiram e ele tentou procurar produções para indicar a ela sobre o assunto, mas percebeu que não havia nada sobre o tema produzido no Brasil. “Então o filme não parte necessariamente de mim, parte de uma inquietação dela”.
“Jaíza é um exercício de empatia.”
João Paulo de Freitas
João Paulo disse que é de extrema importância o curta permanecer na plataforma Cardume pois, assim, o tema sempre se mantém vivo e em discussão. A produção do filme é composta, em sua maioria, por mulheres, sendo uma delas a diretora Ana Clara Gonçalves França, também estudante da Puc Minas.
Frago
Frago é um filme produzido no sexto período do curso por Bernardo de Andrade. Bernardo se inspirou na oralidade e no sotaque da capital mineira para o título. Segundo ele: “O sotaque mineiro representado pela mídia não é exatamente o sotaque de Belo Horizonte e algumas palavras são engraçadas e interessantes”. O estudante então seguiu toda esta lógica da oralidade para criar o curta “Frago”.
“Frago é uma palavra do vocabulário da capital mineira.”
Bernardo de Andrade
O curta utiliza mais recursos sonoros, e que não têm relação direta com o que é mostrado nas imagens. Segundo Bernardo, o curta é mais “falado”, bem mais audível do que propriamente um filme de imagens.
O estudante se inspirou em outras obras para compor o curta-metragem, como o filme “Dogville”, de Lars von Trier, em que o diretor consegue construir diversos espaços em um único galpão, construindo cenários pelo diálogo e pela sonoridade. Ele também disse que já havia pensado em um personagem para o filme, que é inspirado em algum amigo, que é ator. Esse personagem narra suas vivências, que são parecidas com as de Bernardo. O resultado, para o diretor, é algo único, construído após a mistura de várias ideias e inspirações.
Fosfeno
Fosfeno é um filme produzido no sexto período do curso, por Clara Vilas Boas e Emanuelle Sales. O curta foi produzido pela La Loba Filmes, em 2018 e teve a mesma proposta de “Frago”: é um filme passado nos estúdios da FCA. As estudantes aproveitaram o roteiro escrito por Emanuelle Sales e Bruna Maynart, também aluna da PUC, para a disciplina de roteiros, no semestre anterior, que narra a noite de uma DJ chamada Teçá.
O cenário criado nos estúdios simulou uma balada, explorando texturas, cores e luzes da noite belorizontina. A ideia do curta é explorar as relações e a fluidez dos corpos humanos. As estudantes começaram a refletir sobre o poder da memória e foi daí que surgiu a ideia do roteiro do filme. “Se uma pessoa se lembrasse de absolutamente tudo, até dos menores detalhes, ela seria capaz de distinguir um momento presente de uma lembrança? O que está acontecendo agora? O que é apenas MEMÓRIA?”, disseram, em entrevista. O roteiro foi escrito em torno da protagonista Teçá, explorando uma paixão já vivida e uma experiência psicodélica, inseridas dentro da estética urbana e noturna das festas techno.
“Queríamos que o filme provocasse os sentidos do espectador, potencializando, com a ausência de diálogos, outras formas de comunicação.”
Clara Vilas Boas, Emanuelle Sales e Marina Soares disseram que “Fosfeno” é a primeira produção da La Loba Filmes a estar em uma plataforma de streaming, o que é de extrema ajuda para o curta continuar sendo visualizado, mesmo depois do período de exibição em festivais nacionais e internacionais ter acabado. Segundo elas, a plataforma Cardume, neste programa de “Formação”, abre portas para produções de estudantes de todo o país, incentivando novos cineastas a publicarem seus trabalhos e a lutarem pela visibilidade dos curta-metragens no Brasil.
Onde assistir?
Os três curtas, com várias outras produções de alunos de todo o Brasil, estão disponíveis na plataforma Cardume. O serviço de streaming custa R$5 por mês e tem mais de 100 curtas de todo o país em seu catálogo.